quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

pitanguy

Não sei o porquê que me pus a escrever sobre minha cidade. Não há nada de especial para destacar sobre Pitangui. Uma cidade que ficou feia com gente igual. Se dissesse que Pitangui parou no tempo seria melhor. Mas não! Ela caminha junto a um ponteiro de relógio que nunca lhe faltou força. Entretanto, isso não soa positivo caro leitor. Muito pelo contrário, é a representação da mais pura leniência da sensibilidade de seu povo.

Tenho por mim que algumas pessoas não vão gostar desse início. Para esses peço paciência. É inegável que muitas das minhas risadas e outros tipos de emoções tem como palco principal a cidade onde nasci. Mas cá entre nós: o lugar é o que importa?Não sei.Pitangui se tornou muito seca para mim. Ficando apenas como um lugar onde vive meus pais. Eu ainda não sei dizer se gosto ou desgosto dela.

Vou falar mais sobre esse tema ou não.

Fábio Saldanha

Beirut

As impressões de um norte americano sobre a música do leste europeu misturadas ao folk. Essa é a principal descrição do estilo interpretado por Zach Condon, natural de Santa Fe, Novo México. Com a Colaboração de Jeremy Barks, do “Neutral Milk Hotel”, e Heather Trost, do “ A Hawk and a Hacksaw”, o cantor se apresenta hoje como Beirut, nome desconhecido por mim até ontem, quando ouvi uma de suas mais bonitas canções.
“Elephant Gun” é recheada de belos arranjos de metais, acordeon e uma levada suave do ukele, uma espécie de cavaquinho havaiano que faz toda diferença na melodia. Sem falar na interpretação do cantor que com uma voz macia e um pouco “chorosa” se associa perfeitamente à instrumentação e faz a gente sentir toda a emoção que a música pretende transmitir.
A canção faz parte do EP Elephant Gun, lançado em junho de 2007. Vale a pena conferir não só essa canção mas todo o trabalho do cantor. Vai aí pra quem se interessar, o vídeo da música “Elephant Gun”, que faz parte da trilha sonora da minissérie “Capitu”, exibida atualmente na Globo.
Let the seasons begin!


Reinterpretação dos olhos de ressaca

Vamos dar uma espairecida no clima político-econômico-discursivo-da-conjuntura-internacional-ou-sei-lá-o-quê do nosso amigo Pedro. Falemos então de entretenimento, talvez para as massas, talvez não. Falemos de Capitu.

A microssérie da Rede Globo é um dos melhores produtos que a emissora já fabricou para ocupar os buracos da programação de fim de ano. Os cinco episódios foram produzidos dentro do Projeto Quadrante, que colocou nas mãos de Luiz Fernando de Carvalho e equipe a responsabilidade pela adaptação de obras essenciais da literatura de cinco regiões brasileiras. A primeira (e cara) façanha do grupo, A Pedra do Reino, limitou os recursos de Capitu. Felizmente, o orçamento enxuto exacerbou as capacidades criativas da equipe, que fez coisas inacreditáveis tendo um galpão apodrecido como estúdio, e externas com figurino de época em pleno centro do Rio de Janeiro.

Afora as discussões sobre a relevância comercial da obra, que rendeu metade dos pontos no IBOPE de "Toma Lá, Dá Cá", e as eternas conjecturas a respeito da adaptação de literatura para o público de TV, acho importante fazer algumas considerações:

• a série não precisa da leitura do livro para ser compreendida, até porque é um produto transformado da obra original. Não é como se adaptassem a história dando uns cortes de tempo, é uma reinterpretação dos sentidos de cada elemento da história do Machado. Mas com certeza, como sempre acontece nesses casos, é mais saboroso para quem leu o livro (e gostou). É como assistir ao Elephant Medley, do Moulin Rouge, conhecendo as músicas que são emendadas.

• o tom "semi-noir" da série, apesar de ser um clichê em produções desse tipo, combina perfeitamente com o clima da narrativa. Lembremos que trata-se de um velho decrépito e amargo, que busca em suas memórias algum conforto, mas que acabou destruído por uma dúvida angustiante. Obscuridade e depressão definitivamente fazem parte dessa história.

• as memórias são a base desta narrativa; é preciso duvidar do que Bentinho diz, pois ele se recorda apenas do que lhe convém para comprovar ao leitor a opinião que firmou a respeito de Capitu. Naturalmente, é bem mais fácil duvidar do que está escrito do que daquilo que vemos. Provavelmente por isso, a série tem um tom teatral exagerado, que realça o caráter de "montagem" da imaginação; uma verdade reinterpretada.

• li em algum lugar que a trilha sonora e os takes externos foram planejados para resgatarem o texto como algo contemporâneo, por tratar de emoções humanas básicas e imutáveis. Por isso vemos Bentinho e seu vizinho no trem grafitado, ao som de rock; a história de Dom Casmurro se repete diariamente, na cidade grande ou nos subúrbios, e continuará acontecendo enquanto seres humanos se relacionarem.

Resta aguardar o desenrolar do programa, e descobrir até onde esse jogo de símbolos e linguagens consegue chegar sem ficar enfadonho. Até agora, a Globo sai ganhando, ainda que perdendo na audiência. Com certeza já tem alguém reservando espaço em uma estante platinada para alguns Emmys...

Façam suas apostas

A Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood (HFPA) anuncia amanhã, às 5 horas da manhã (horário de Los Angeles) , os indicados ao Golden Globe 2009. A premiação que está em sua edição de número 66 (a primeira foi nos idos de 1944) , inaugura oficialmente a corrida pelo Oscar e dá fortes indícios dos possíveis indicados ao prêmio da academia. Os aficionados já estão fazendo suas apostas e já surgem os primeiros favoritos. Sempre é arriscado fazer apostas, mas mesmo assim arrisco alguns palpites (que Deus me ajude). Espero acertar.
Agora é voltar os olhos para Hollywood e espera as indicações serem anunciadas.