sábado, 15 de novembro de 2008

Imigração: caso holandês

Em um dos primeiros posts deste blog, o Pedro descreveu a situação da imigração na Itália. Fiz um comentário no texto e não gostaria de ser vista como xenófoba. Escrevo para esclarecer minha opinião sobre o assunto.
Não sou contra a imigração, mas acredito que a os países, principalmente os europeus, devem estabelecer certas regras para a entrada de estrangeiros. Tais medidas com certeza não me beneficiariam como imigrante, mas trariam maior conforto para quem vive no país de uma forma geral.
Para melhor exemplificar, utilizarei o caso holandês. Após o assassinato de Theo van Gogh, cineasta e crítico do fundamentalismo islâmico, por um jovem islâmico de origem marroquina, as leis de imigração holandesas tornaram-se mais rígidas. Marroquinos e turcos correspondem hoje a cerca de 3% da população total do país.
Não quero parecer generalista, mas muitos problemas do país vêm da imigração. Grande parte dos estrangeiros que vivem no país mora em guetos, não se interessam pela cultural local e mesmo com muitos anos de convivência com holandeses não falam a língua. Portanto, eles formam pequenas comunidades que preservam as suas culturas.
Em outubro deste ano Ahamed Aboutaleb, 47 anos e marroquino, foi eleito o prefeito de Roterdã. Quem irá governar o maior porto do mundo tem as mesmas raízes de quem matou Theo. Este foi um resultado comemorado pelos imigrantes, que vêem na vitória uma maior aceitação dos holandeses aos estrangeiros.
Não sei como avalio a conquista, pois dentro do país ainda há muito preconceito. Fui vítima, várias vezes, de uma discriminação discreta por parte dos holandeses. Eles são muito politicamente corretos, por isso nunca vão admitir abertamente que não gostam de imigrantes. Grande maioria preserva certa distância.
As pessoas de maior poder aquisitivo na Holanda pagam inúmeros impostos para dar suporte aos estrangeiros que entram no país. O governo oferece uma ajuda em dinheiro para os cidadãos que moram na Holanda legalmente e não possuem emprego. Portanto, se você é um estrangeiro legal, você possui todas as regalias de um holandês. Esta proteção irrita alguns holandeses, pois muitos turcos, por exemplo, não estão se quer preocupados em falar a língua natal do país.
Percebi grande diferença depois que comecei a falar holandês. As pessoas se abriram e tornaram-se mais atenciosas comigo. Por isso considero a questão preconceito também muito relativa (vide um post antigo) como tudo hoje. Sofre discriminação quem não se adapta a um novo estilo de vida. A partir do momento em que você decide viver em outro país é imprescindível que você queria conhecer a cultura e tornar-se parte dela.
Claro que a situação que eu descrevo possui suas exceções, porém se pode mudar muitas coisas através da adoção de uma nova postura. O respeito é conquistado com o tempo, seja no seu país de origem ou em qualquer lugar do mundo.