sábado, 18 de outubro de 2008

García Márquez

Gabriel García Márquez anunciou que não escreverá mais. Disse que provavelmente não terminará sua autobiografia "Viver para Contar".
Não posso afirmar que estou particularmente triste. Acho García Márquez um escritor mediano - já estou esperando a resposta do Bossuet -, não muito superior a Jorge Amado por exemplo. Tenho a impressão de que daqui a cem anos não se falará muito em Gabo ou Amado.
Não que sejam ruins, são apenas medianos. Acho José Lins do Rego - ou até mesmo Rachel de Queiroz - superior a Jorge Amado. Lins do Rego, ele sim é o nosso grande memorialista. Para uma excelente análise dos romances regionalistas é obrigatória a leitura do livro "Polígono das Secas" de Diogo Mainardi.
E não acho que García Márquez seja superior ao peruano Mario Vargas Llosa, escritor que não recebe a devida atenção do público e da crítica. Talvez porque Llosa se recuse a bajular os ditadores latino americanos.
Na verdade não me interessa muito se García Márquez continuará a escrever ou não. Achei sua novela "Memórias de Minhas Putas Tristes" muito abaixo de seus outros livros. Não entendo essa obsessão que os escritores têm de sempre lançar um livro. Poucos são aqueles que conseguem manter o mesmo nível por muito tempo. Deveriam fazer como Raduan Nassar. Nassar escreveu duas obras primas da prosa moderna brasileira e depois foi criar galinhas. Ou então fazer como Bruno Tolentino que escreveu durante quarenta anos o seu grande livro "O Mundo Como Idéia". O livro que Tolentino escreveu mais rápido, creio eu, foi "Balada do Cárcere" e demorou uns onze anos .
Gabriel García Márquez disse que em alguns momentos sente depressão. Depressão que decorre do fato de sentir que tudo está acabando. Eu se fosse ele sentiria depressão por ter defendido a relatividade da vida humana enquanto comia caviar do mar Cáspio ao lado do comAndante