quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Obama


Será mesmo que eu vou ter que escrever sobre a vitória do Obama? Não existe assunto que me dê mais preguiça! Não consigo entender que pessoas de outros países comemorem tanto a vitória de um presidente americano.
Hoje na Universidade, parecia que a seleção italiana tinha vencido a copa. Todos lendo os jornais em busca de mais uma frase do grande orador, do homem que mudará o mundo. Essa minha preguiça não tem nada a ver com o fato de ter escrito que McCain seria eleito[Fogo de Palha]. Os americanos preferiram um patife, pior pra eles. A verdade é que tenho preguiça de ilusões. Já não acredito mais em Papai Noel, fada madrinha, Sasa Mutema e muito menos em salvadores da pátria.
Amanhã o mundo continuará o mesmo. Talvez um pouco melhor, talvez um pouco pior. Tendo a achar que um pouco melhor. O governo de Barack Obama representará o fim de ilusões. Assim como nós, brasileiros, ficamos um pouco mais maduros politicamente, com a presidência do Primata Presidencial , os americanos também ficarão. Obama é simplesmente um Lula graduado em Harvad.
Um usou a condição social como escudo à criticas, e o outro a questão racial. Qualquer pergunta era vista como preconceito. Mas ao contrário do nosso que foi financiado a vida inteira por um partido, Obama teve sua carreira acadêmica financiada por Khalid al-Mansur. al-Mansur representa os interesses do príncipe saudita Alwaleed, nos Estados Unidos. Alwalled se tornou famoso quando teve a sua doação de dez milhões de dólares, à cidade de Nova York, recusada pelo ex-prefeito Rudolph Giuliani. Na época, Giulian alegou que não poderia aceitar a doação de alguém que tinha afirmado que o 11/09 era apenas uma resposta às políticas americanas pró-Israel.
A relação entre Obama e al-Mansur já seria suficiente para não se votar em Obama. Eu pouco me importo se ele é negro, mameluco, branco, amarelo. O que me preocupa é que as pessoas simplesmente deixaram de prestar atenção aos fatos. Ficaram abobadas, anestesiadas. E a realidade é que Obama nunca se preocupou em responder as dúvidas que pairam sobre o seu passado. O advogado Philip Berg, entrou na justiça para que Obama mostrasse a sua certidão de nascimento. Existe uma forte suspeita de que Obama, não tenha nascido nos Estados Unidos, o que o tornaria inelegível. Obama ao invés de acabar logo com a discussão e mostrar a porcaria do documento preferiu recorrer a artimanhas jurídicas. Eu tenho a ligeira impressão que dá muito menos trabalho contratar um despachante que um advogado.
Apesar disso tudo, acho que essa eleição serviu para uma coisa. Ficou claro que Arnaldo Jabor já deu o que tinha que dar. Tenho dois livros de Jabor, gosto de seus filmes e durante muito tempo o tive como um grande analista . Mas acho que ele cansou de escrever, de pensar. O seu artigo de ontem no Estadão é deprimente, patético. Não consigo acreditar, que a mesma pessoa que escreve isso: " a perua careta e despreparada Sarah Palin, que seria a 'boceta de Pandora' final para o mundo, a mulher de onde sairiam todos os males. McCain é prosa e Obama é poesia" possa ter escrito uma das melhores resenhas do livro Os Deuses de Hoje do Bruno Tolentino. Caro Jabor, volte a filmar.
O espírito dessa campanha pode ser resumido pelo vídeo que vai abaixo.

Mudanças na América. Só nos resta saber quais serão.

Há 50 anos os EUA segregavam legalmente os negros, e hoje eles elegeram, com grande diferença de votos, um presidente afro-descendente. A vitória de Obama mostrou a insatisfação do país com a política atual e o quanto eles clamam por mudança. Ao contrário do que muitos imaginavam (por exemplo, João Pereira Coutinho em post logo abaixo) os EUA derrubaram a teoria de que nas urnas o real espírito americano é racista. Uma vitória que ficará para história, não só por ser um candidato negro, mas pela conquista do partido democrata em estados de tradição republicana.
O que me pergunto agora é como será esse novo governo. Durante a campanha os veículos do mundo inteiro (exceto de Israel) foram claros em sua campanha a favor de Obama. Meses atrás, não me lembro ao certo quantos, a revista Piauí divulgou uma matéria com o perfil do democrata que descrevia um herói. Um homem, que superou uma origem difícil, foi o primeiro negro a presidir a publicação jurídica em Harvard e que agora buscava o cargo de maior importância na política mundial. Grande parte da mídia (televisiva e impressa) brasileira idealizou o candidato Barack Obama. O espaço destinado ao candidato democrata era vezes maior se comparado as matérias relacionadas a John McCain. Confesso que também fui contaminada por este espírito. Depois de tanto ouvir falar no brilhantismo de Obama passei a acreditar na imagem diplomática do candidato.
Para o Brasil resta saber até que ponto o caráter democrático e negociador de Obama trará bons resultados ao país. O presidente Lula foi claro ao mostrar sua preferência democrata, “Da mesma forma como o Brasil elegeu um metalúrgico e a Bolívia elegeu um índio, seria um avanço cultural a vitória de um negro na maior economia do mundo". Eu só espero que Obama não siga a mesma trajetória dos candidatos citados pelo nosso presidente.
Opiniões se dividem a respeito de qual candidato seria melhor para o Brasil. Na prática, McCain traria resultados mais rápidos já que é um defensor do livre comércio, ao contrário de Obama que é contra medidas que prejudicariam, por exemplo, a entrada do nosso etanol nos EUA.
A grande esperança mundial inclusive brasileira, é que Obama, como um político democrático e mais aberto ao diálogo, possa reatar laços diplomáticos com o mundo. Transformar a figura autoritária dos EUA e do governo Bush em um país mais aberto. Paris fez campanha “Goodbye George”. O que a comunidade européia espera agora é que o país seja um aliado mais próximo na luta contra novos desafios, que não são poucos, começando pela situação atual dos EUA.